RIO - Passar noites dormindo em calçadas ou embaixo de marquises não é uma realidade recente para a maioria das pessoas que vivem nas ruas do Rio. Um censo, realizado pela Secretaria municipal de Desenvolvimento Social com o apoio do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), mostra que nada menos do que 64,8% dos entrevistados disseram estar nessa situação há pelo menos um ano. No total, a pesquisa detectou 5.580 moradores de rua, sendo 81,8% homens.
O levantamento foi feito através de uma metodologia diferenciada: durante quatro dias seguidos, em julho deste ano, 650 entrevistadores percorreram 96 roteiros na cidade, em horários alternados, para fazer o mapeamento detalhado. As regiões onde foram detectadas as maiores quantidades de moradores de rua foram o Centro (33,8%) e a Zona Sul (15,3%), tendo juntas quase metade de todos os registros levantados na pesquisa.
A maioria dos moradores de rua se concentra na faixa etária de 25 a 59 anos de idade: 69,6%. Em seguida, estão os jovens, de 18 a 24 anos (17,5%); pessoas com mais de 60 anos (6,3%); adolescentes de 12 a 17 anos (5,6%); e crianças de até 11 anos (1,1%). Um dos entrevistados do censo, Robson do Espírito Santo, de 50 anos, contou que foi morar na rua, no Largo do Machado, há dois anos, porque os tios que o criaram morreram.
— O apartamento onde a gente morava não era meu. E depois da morte deles acabou o meu chão.
Antes mesmo da morte dos tios, Robson lembra que ficou desempregado. Ele era vigilante e a empresa para a qual trabalhava fechou.
— O pior de morar nas ruas é o frio, e tem muita gente ruim — disse ele, que afirmou ter seis filhos, mas que tem vergonha de procurá-los.
O levantamento traz uma outra curiosidade: apesar de 75,11% das pessoas que vivem na rua terem dito que possuem como escolaridade apenas o ensino fundamental, houve uma pequena porcentagem (2,11%) que declarou ter ensino superior. Com ensino médio, são 13,85% dos moradores de rua; outros 3,52% afirmaram ter apenas a alfabetização; e 5,31% nunca estudaram.
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